Expansão do Renascimento na Europa


 

O Renascimento aconteceu de maneira uniforme ou simultânea em toda a Europa. A Itália, por exemplo, foi a primeira a desenvolver tal ideologia artístico-literária. Vamos analisar agora cada país, ou região, individualmente:


 

Itália


 

A Itália foi o berço do Renascimento. O renascimento italiano foi, sobretudo, um fenômeno urbano, produto das cidades que floresceram no centro e no norte da Itália, como Florença, Ferrara, Milão e Veneza, resultado de um período de grande expansão econômica e demográfica dos séculos XII e XIII. A região italiana estava dividida e as cidades possuíam soberania. Na verdade o Renascimento desenvolveu-se em algumas cidades italianas, principalmente aquelas ligadas ao comércio. Desde o século XIII, com a reabertura do Mediterrâneo, o comércio de várias cidades italianas com o oriente intensificou-se, possibilitando importantes transformações, como a formação de uma camada burguesa enriquecida e que necessitava de reconhecimento social. O comércio comandado pela burguesia foi responsável pelo desenvolvimento urbano, e nesse sentido, responsável por um novo modelo de vida, com novas relações sociais onde os homens encontram-se mais próximos uns dos outros. Dessa forma podemos dizer que a nova mentalidade da população urbana representa a essência dessas mudanças e possibilitará a Produção Renascentista.


 

Durante a época da literatura renascentista na Itália, o debate central recaiu sobre a língua. O teatro foi a principal diversão nas cortes. Os atores canônicos recorrem largamente ao repertório greco-latino. Bibbiena, Ariosto, Arentino e sobretudo Maquiavel foram os talentos mais originais da época. Cartiglione e Della Casa elaboraram os códigos de um ideal humano. A reflexão histórica e política foi levada a efeito por Guicciardini. Com exceção de Michelangelo, os poetas líricos submeteram-se aos modelos de Petrarca. As melhores produções poéticas devem-se a Ariosto com o Orlando Furioso, e a Fasso, com Jerusalém libertada. No plano da criação artística, o momento do renascimento era basicamente a busca por uma linguagem racional e pela retomada da herança clássica da Antigüidade.


 

As fases da arte renascentista foram:


 

• O quattrocento: numa primeira fase essencialmente florentina, multiplicaram-se as experiências favorecidas pelo mecenato e inspiradas no humanismo, graças à uma geração de inovadores: os arquitetos Brunellesch (cápsula da catedral 1420-1434/1436), Michelozzo, Alberti; os escultores Donatello Gliberti (Della Robbia); os pintores Masaccio (afrescos da igreja do carmine em Florença 1426-1427), principalmente.


 

• Fase clássica em Roma e Veneza: o século XVI foi dominado pelo extraordinário desenvolvimento da arte romana, desde o advento de Júlio II (1503) até o saque de Roma em 1527. Bramante ampliou nova concepção de arquitetura ao entrar em contato com os movimentos da antiguidade. Depois de iniciar-se como pinturas e esculturas, Michelangelo chegou à corte vaticana em 1505 levado pelo papa, que lhe encomendou o próprio túmulo e os afrescos do teto da Capela Sistina. Vindo de Urbino, Rafael partiu para Roma onde iniciou a decoração das salas do Vaticano. O classicismo veneziano desenvolveu-se por volta de 1530.


 

• O maneirismo: desvia com relação ao classicismo, irrealismo, refinamento e ênfase. Essas foram as principais características do estilo maneirista, nascido com talentos seguidores de Rafael e Michelangelo. Formaram alongadas e flexíveis, em modelado liso e certa ausência de expressão definiram a escultura da época. Dois centros rivalizavam: Toscana e o norte da Itália.


 

Países Baixos


 

As atividades comerciais e manufatureiras sempre estiveram presentes com muita força na região desde o final da Idade Média. Isto foi um fato determinante para o desenvolvimento do Renascimento, de um mercado de artes e artistas e do mecenato. Foi na pintura que o Renascimento flamengo se manifestou mais claramente. Robert Campin (1375-1444), Bruegel e os irmãos Jan (1390-1441) e Hubert (1366-1426) Van Eyck, entre tantos outros, foram os que mais se destacaram. Mas talvez venha da literatura seu intelectual mais conhecido, Erasmo dde Rotterdam (1466-1536), em cuja obra principal (Elogio da Loucura) criticou duramente a cultura medieval e a corrupção da Igreja Católica.


 

Alemanha


 

A renascença alemã ocorreu por volta de XVI e XVII. Esse período teve um início particularmente fértil. Grandes mestres , pintores e gravadores, influenciados pela Itália, embora preservassem sua originalidade germânica, deram origem a uma arte de extraordinária densidade: Dürer, de gênio universal, Grünewald, Cranach, o Velho ,. Burgkmair, Altdorfer, H. Baldung e o maravilhoso retratista Holbein, O Jovem. A época seguinte e o século XVII foram muito menos ricos. A tradução da Bíblia por Lutero no século XVI fixou as bases da moderna lingua alemã. A reforma e a contra-reforma inspiraram textos polêmicos, renovaram o lirismo religioso, originaram uma tendência realista (Hans Sachs) e suscitaram uma arte e literatura barrocas, a que se ligou Grimmelshausen. Por volta de 1700, a literatura alemã sofreu uma marcante influência francesa, que mais tarde foi substituida pela inglesa, fato que determinaria a inclinação de Lessing para um teatro de modelo shakespeariano e a constituição de uma primeira modalidade de classicismo no romance e na poesia, levada a efeito por Wieland, À margem do racionalismo, um movimento religioso e sentimental manifestou-se na obra de F. Gottlieb Klopstock.


 

França


 

O Renascimento francês foi menos vigoroso que o italiano e o flamengo. Os monarcas Luís XI e Francisco I foram autênticos mecenas ,financiando e protegendo artistas e intelectuais. As realizações mais notáveis estão no campo da literatura, com François Rabelais (1494-1553), criador dos personagens Gargântula e Pantagruel, em livros que renovaram a prosa e criticaram a Igreja e o universo medieval, e na filosofia, com Michael de Montaige (1533-1592).


 

Inglaterra


 

Aqui o Renascimento ocorreu tardiamente, no final do século XV , coincidindo com a centralização do Estado Inglês . A música, a literatura e o teatro tiveram um desenvolvimento significativo na Inglaterra renascentista. Surgiram neste período vários tradutores das obras clássicas para o Inglês. Um dos humanistas ingleses mais criativos foi Thomas Morus (1475-1535), autor de Utopia (1516), em que descreve as condições de vida de uma sociedade sem ricos e pobres, em uma ilha imaginária. Por problemas religiosos, ele foi preso e executado por ordem do rei Henrique VIII. O pensador e filósofo Francis Bacon (1561-1626) começou a desenvolver o método indutivo e experimental e ainda serve de referência para a compreensão da ciência moderna. Talvez seja no teatro que tenha surgido o mais notável homem de letras da Inglaterra: William Shakespeare (1564-1618). Considerado como um dos maiores dramaturgos de todos os tempos, apesar de que algumas de suas obras criticarem os valores do cavaleiro e do mundo medieval e a falta de um rei poderoso, muitas vezes ele demonstrou aceitar a influência do imaginário popular da Idade Média, composto por Bruxas, fantasmas, fadas e faunos.


 

Portugal e Espanha


 

O Renascimento na península Ibérica assumiu características especiais, sendo ás vezes influenciado pelas artes mouras e pelo cristianismo. Os renascentistas espanhóis mais importantes foram o pintor El Greco (1541-1614) e o escritor Miguel de Cervantes (1547-1616), autor de Dom Quixote de la Mancha. Em Portugal, o destaque foi o poeta Luís de Camões (1525-1580), autor da famosa epopéia sobre a conquista marítima portuguesa: Os Lusíadas. Há também as obras do teatrólogo Gil Vicente (1470-1536), criador do teatro nacional português.

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