Vegetação no Brasil

Associada aos diversos climas, relevos e solos existentes no Brasil há uma variedade de formações vegetais. A vegetação brasileira pode ser classificada em floresta Amazônica, mata Atlântica (florestas costeiras), caatinga, pantanal mato-grossense, cerrado, campos, mata de araucária, mata de cocais, mangue e restinga. 
Explorada desde a colonização, a vegetação original é a primeira fonte de riqueza do país. A extração de pau-brasil representa o início de um processo desordenado de utilização da cobertura vegetal, que persiste até hoje em diferentes níveis, e levou, praticamente, à extinção da mata Atlântica. Atualmente o desmatamento atinge sobretudo a Amazônia. 
Floresta Amazônica Floresta Amazônica–Ocupa cerca de 40% do território brasileiro – em uma área que abrange a totalidade da Região Norte, o norte de Mato Grosso e o oeste do Maranhão –, estendendo-se ainda pelos países vizinhos (Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia), além da Guiana Francesa. É uma floresta latifoliada (do latim, lati, que significa "largo"), ou seja, com predominância de espécies vegetais de folhas largas. Com características próprias de clima equatorial, tipicamente quente e superúmido, é também conhecida como hiléia. Apresenta grande heterogeneidade de espécies animais e vegetais e caracteriza-se por três diferentes matas: de igapó, várzea e terra firme. A mata de igapó corresponde à parte da floresta onde o solo se encontra inundado. Ocorre principalmente no baixo Amazonas e reúne espécies como liana, cipó, epífita, parasita e vitória-régia. A mata de várzea é própria das regiões que são periodicamente inundadas, denominadas terraços fluviais. Intermediárias entre os igapós e a terra firme, as espécies da mata de várzea têm formações variadas, como seringueira, palmeira, jatobá e maçaranduba. A altura dessas espécies aumenta à medida que se distanciam dos rios. As matas de terra firme correspondem à parte mais elevada do relevo. Com solo seco, livre de inundação, as árvores podem chegar a 65 m de altura. O entrelaçamento de suas copas, em algumas regiões, impede quase totalmente a passagem de luz, o que torna seu interior muito úmido, escuro e pouco ventilado. Em terra firme encontram-se espécies como o castanheiro, o caucho e o guaraná.
Os principais produtos extraídos da floresta são o guaraná, o látex e a castanha-do-pará. Embora sua exploração econômica possa ocorrer de forma a não interferir no equilíbrio ecológico e a garantir a sobrevivência de comunidades da floresta, ela continua acontecendo de maneira predatória na maioria dos casos. Os impactos ambientais de maior escala em toda a Amazônia têm sido provocados pela extração ilegal de madeira e pela destruição de extensas áreas, por meio de desmatamentos e queimadas, para a prática da agricultura e da pecuária. A floresta já perdeu uma área de 512.400 km², cerca de 12,8% de seu total de origem.
Mata Atlântica Mata Atlântica–É uma floresta de clima tropical quente e úmido. Predomina na costa brasileira, onde planaltos e serras impedem a passagem da massa de ar, provocando chuva. Entre as florestas tropicais, é a que apresenta a maior biodiversidade por hectare do mundo, com espécies como ipê, quaresmeira, cedro, palmiteiro, canela e imbaúba. É a mais devastada das florestas brasileiras. No passado estendia-se do litoral do Rio Grande do Norte ao de Santa Catarina. No período colonial foi intensamente destruída para dar lugar à cultura canavieira no Nordeste e, posteriormente, no Sudeste, à cultura cafeeira. Os 7% restantes da mata original, que ocupava 1.290.692,4 km², encontram-se nas regiões Sul e Sudeste, preservados graças à presença da serra do Mar, obstáculo à ação humana. Atualmente, mesmo essa área se encontra em situação de risco, especialmente para espécies como jacarandá, cedro e palmito. Contribuem ainda com a devastação o turismo predatório e o elevado índice de poluição da costa brasileira.
Caatinga Caatinga–Ocupa a região do sertão nordestino, de clima semi-árido, o que corresponde, aproximadamente, à décima parte do território brasileiro. É composta de plantas xerófilas, próprias de clima seco, adaptadas à pouca quantidade de água: os espinhos das cactáceas, por exemplo, têm a função de diminuir sua transpiração. O solo da caatinga é fértil quando irrigado. Essas plantas podem produzir cera, fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas. Por causa do baixo índice pluviométrico da região sertaneja, as plantas dependem de irrigação artificial, possibilitada pela construção de canais e açudes.
Pantanal Mato-grossense Pantanal mato-grossense–É a maior planície inundável do mundo. Ocupa uma área de 150.000 km², englobando do sudoeste de Mato Grosso ao oeste de Mato Grosso do Sul até o Paraguai. Nessa formação podem ser identificadas três diferentes áreas: as alagadas, as periodicamente alagadas e as que não sofrem inundações. Nas áreas alagadas, a vegetação de gramíneas desenvolve-se no inverno e é usada para o gado bovino. Nas de eventuais alagamentos encontram-se, além de vegetação rasteira, arbustos e palmeiras como o buriti e o carandá. E nas que não sofrem inundações predominam os cerrados e, em pontos mais úmidos, espécies arbóreas da floresta tropical. Em razão da regularidade e da alternância de períodos de cheia e de seca, existe grande variedade de espécies animais e vegetais.
A princípio, a criação de gado não causou danos ambientais, mas, recentemente, com o investimento de grandes capitais e a excessiva proliferação do gado, o equilíbrio vem sendo ameaçado. Há também contaminação por causa de agrotóxicos utilizados na agricultura, nos garimpos irregulares, na caça e na pesca predatórias. Tudo isso prejudica a qualidade da água, elemento-base de todo o ecossistema pantaneiro.
CerradoCerrado–Formação típica de área tropical com duas estações marcadas, um inverno seco e um verão chuvoso. Sua área de ocorrência é o Brasil central. O solo, deficiente em nutrientes e com alta concentração de alumínio, dá à mata uma aparência seca. As plantas têm raízes capazes de retirar água e nutrientes do solo a mais de 15 m de profundidade. A vegetação caracteriza-se principalmente pela presença de pequenos arbustos e árvores retorcidas, com cortiça (casca) grossa e folhas recobertas por pêlos. Encontram-se, ainda, gramíneas e o cerradão, um tipo mais denso de cerrado que já abriga formações florestais. Tradicionalmente utilizado pela pecuária, o cerrado tem sido ocupado pela monocultura da soja, responsável pela descaracterização dessa cobertura, que já representou cerca de 25% do território brasileiro.
CamposCampos–Formados por herbáceas, gramíneas e pequenos arbustos, ocupam áreas descontínuas do país e possuem características diversas. São denominados campos limpos quando predominam as gramíneas. Se a estas se somam os arbustos, são denominados campos sujos. Quando ocupam áreas de altitude superior a 100 m são chamados de campos de altitude, como na serra da Mantiqueira e no planalto das Guianas. Já os campos da hiléia se referem às formações rasteiras que se encontram na Amazônia. Os campos meridionais, quase sem espécie arbustiva, como a Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul, são ocupados principalmente pela pecuária.
Mata de Araucária Mata de araucária–Própria do clima subtropical, é encontrada na Região Sul e em trechos do estado de São Paulo. É uma floresta aciculifoliada (folhas em forma de agulha, finas e alongadas) e tem na Araucaria angustifolia, ou pinheiro-do-paraná, a espécie dominante, cujo fruto é o pinhão. Atingem mais de 30 m de altura e possuem formação aberta, oferecendo certa facilidade à circulação. Seu principal produto, o pinho, tem ampla e variada aplicação econômica na indústria de móveis, na construção civil e na indústria de papel e celulose. As florestas dessa formação são a principal fonte produtora de madeira do país, o que levou a seu desaparecimento quase total. As áreas de reflorestamento voltam-se principalmente para o pinus e os eucaliptos, menos nobres, porém mais exploráveis em curto intervalo de tempo.
 
Mata de cocais–Situada entre a floresta Amazônica e a caatinga, a mata de cocais está presente nos estados do Maranhão e do Piauí e norte do Tocantins. No lado oeste, onde a proximidade com o clima equatorial da Amazônia a torna mais úmida, é freqüente o babaçu: palmeiras que atingem de 15 a 20 m de altura. Dos cocos do babaçu extrai-se o óleo, muito utilizado pelas indústrias alimentícia e de cosméticos. No lado mais seco, a leste, domina a carnaúba, que pode atingir até 20 m de altura. Das folhas da carnaúba é extraída a cera. A mata de cocais é utilizada por várias comunidades extrativistas que exercem suas atividades sem prejudicar essa formação vegetal. A destruição, no entanto, acontece com a criação de áreas de pasto para a pecuária, principalmente no Maranhão e no norte do Tocantins.
MangueMangue–É uma formação vegetal composta de arbustos e espécies arbóreas que ocorrem em áreas de lagunas e restingas ao longo de todo o litoral. Nessa formação vegetal predominam troncos finos e raízes aéreas e respiratórias (ou raízes-escora), adaptadas à salinidade e a solos pouco oxigenados. Por ser rico em matéria orgânica, tem papel muito importante na reprodução e no abrigo de espécies da fauna marinha. Tradicionalmente, no mangue se realiza, como atividade econômica, a pesca de caranguejo. Sofre a ação destrutiva do turismo predatório, da ocupação imobiliária e da poluição provocada por esgotos.
RestingaRestinga–É uma vegetação própria de terrenos salinos, formada por ervas, arbustos e árvores. Predomina no litoral da Bahia ao Rio de Janeiro e no do Rio Grande do Sul. Os destaques são a aroeira-de-praia e o cajueiro. Recebe os efeitos da mesma ação destrutiva a que está exposto o mangue.

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