A Revolução
Para "manter a ordem", ditaduras sanguinárias, apoiadas por adivinhe quem, eram mantidas em Cuba. Em 1953 (assim como em 1940-1944 e 1952-1959) o boneco norte-americano era Fulgêncio Batista. Sua corrupção e tirania não conheciam limites. Não governava para o seu povo, mas sim de acordo com os interesses de empresas transnacionais. Os cubanos não tinham poder de decisão sobre seu país e liberdade era uma utopia. O povo não estava ao lado de Batista e passou a contestar seu despotismo. No ano de 1953, um grupo de jovens, comandado por um ex-líder estudantil e jovem advogado chamado Fidel Castro, atacou a Fortaleza de Moncada, em Santiago. Objetivavam tomar armas para fianciar uma revolução. Porém fracassaram e somente 30 dos 150 revoltosos sobreviveram. Estes foram condenados à prisão e depois de cumprirem parte da pena (Fidel cumpriu 22 meses) foram anistiados e banidos de Cuba. Foram derrotados mas Castro passou a ser uma referência na luta contra Fulgêncio.
Exilaram-se no México, reorganizaram-se e começaram a treinar para uma nova tentativa de revolução. Nesse momento o grande Ernesto Guevara aderiu ao grupo. Também faziam parte dele Camilo Cienfuegos, Raúl Castro e o líder Fidel Castro. Constituíam o Movimento Revolucionário 26 de Julho. Em novembro de 1956 partiram do porto mexicano no iate Granma com destino para Cuba. Eram 82 pessoas armadas com 2 canhões antitanque, 35 rifles com mira telescópica, 53 fuzis mexicanos, 3 metralhadoras Thompson e 40 metralhadoras leves. Os motores defeituosos e a sobrecarga do Granma, bem como o mau tempo e erros na navegação atrasaram a chegada do revoltosos. Com isso o governo de Batista, sabendo da tentativa revolucionária, organizou um contra-ataque. Nos momentos posteriores ao desembarque as tropas do governo dizimaram os revolucionários. Dezenas foram assassinados e outro tanto capturado e executado em seguida. Os sobreviventes, 12 no total, dispersaram-se e se embrenharam na mata. Quase sem comida, desprovidos de água, com poucas armas e em condições físicas horríveis, caminharam durante dias e no 16o. chegaram à Sierra Maestra onde se reuniram novamente. Sobreviveram graças à fidelidade aos seus ideais, brilhantemente evocados por Fidel que prometeu a todos a vitória final, e ao grande apoio que receberam dos camponeses. Raúl Castro ressalta esse ponto: "É ADMIRÁVEL VER O DESVELO COM QUE ESSES CAMPONESES DA SIERRA NOS ATENDEM E CUIDAM DE NÓS. TODA A MAGNANIMIDADE E A GENEROSIDADE DE CUBA ESTÃO CONCENTRADAS AQUI".
Os remanescentes do grupo, liderados por Cienfuegos, Raúl, Fidel e Che, juntamente com os novos recrutados, foram obtendo importantes e estratégicas vitórias contra as tropas governistas. Numa verdadeira epopéia, a guerrilha revolucionária caminhava rumo à capital cubana. Com a vitória final finalmente consumada Fulgêncio fugiu do país e no dia 01/01/1959 as colunas guerrilheiras tomaram toda a Cuba. O povo delirava em grande euforia. E esse é um fato a ser destacado. O povo cubano em sua massissa maioria apoiou e participou da revolução. A população queria a revolução. Ela anseiava por justiça social. Esse é um dos mais fortes pontos que constratam a Revolução Cubana com os golpes de Estado que ocorreram na América Latina, como no caso de Pinochet no Chile, quando o golpe não contava com o apoio dos chilenos.
O Governo de Fidel
Um novo capítulo da história cubana começava. Fidel Castro projetou um novo governo fortemente nacionalista e disposto a combater a corrupção. Houve, então, a ampla reforma urbana e agrária, o aumento da construção de escolas e hospitais, a distribuição mais igualitária da renda, as massivas campanhas de alfabetização, a nacionalização das empresas, a elevação dos níveis salariais. Em abril de 1961, Fidel Castro, em célebre discurso, finalmente anunciou que Cuba se tornaria um país socialista. Assim, aproximou-se da URSS em busca de ajuda militar, técnica, financeira, econômica e diplomática. A URSS passou a comprar açúcar a preço acima do mercado e a vender petróleo mais barato para Cuba. Pode-se dizer que a URSS financiou Cuba para ter um modelo socialista no continente americano.
A Pressão do Imperialismo
Os EUA ficaram revoltados com a perda de sua área de lazer e impuseram um ultrajante bloqueio comercial contra Cuba, inclusive obrigando outros países a também fazerem isso (na América, somente o México não aderiu). Também romperam relações diplomáticas e tentaram desastrosamente por várias vezes invadir Cuba (a mais famosa a da "Baía do Porcos"). Para evitar essas invasões, os soviéticos, então comandados por Nikita Krutchev, instalaram mísseis nucleares em Cuba. Kennedy, o então presidente norte-americano, ordenou um bloqueio naval à ilha. O mundo ficou perplexo com a absurda iniciativa soviética. O planeta todo a recriminou e condenou severamente. O gozado é que os EUA também possuíam bases militares com mísseis nucleares instalados na Europa. Apesar de todos saberem o silêncio imperava. A URSS e os EUA quase promoveram uma hecatombe nuclear, mas acabaram acertando um acordo que determinava a retirada dos mísseis russos e o compromisso dos EUA de não mais invadirem Cuba. Esse episódio ficou conhecido como a Crise dos Mísseis.
A CIA tentou por anos assassinar Fidel e em 1962 os EUA conseguiram a vergonhosa expulsão cubana da OEA, mini-ONU do nosso continente, por Cuba ser "uma ameaça a todos". Nos anos 80 Ronald Reagan criticou duramente o governo de Cuba que estaria "exportando sua maléfica revolução sendo um perigo ao mundo". Quanta hipocrisia. Reagan foi um dos maiores promotores de assassínios da história mundial, era um ignorante que, de abundante na cabeça, só mesmo o cabelo. Em visita ao nosso país nos confundiu com a Bolívia. Bombardeou a Líbia dizendo que ela financiava o terrorismo, porém nunca mexeu um dedo contra os racistas da África do Sul; financiou a guerrilha dos contras na Nicarágua; estimulou a famosa guerra Irã-Iraque para poder vender suas armas para os dois lados. E foi amado pelo povo norte-americano. E ainda tem a petulância de dizer que Cuba era um perigo ao mundo. Quanto prepotência, quanta imbecilidade.
Socialismo ou Castrismo?
Em primeiro lugar é preciso esclarecer que o governo de Fidel não é socialista marxista haja em vista, sobretudo, a ditadura presente. Não é uma ditadura típica da América Latina - caracterizada por governos extremamente opressores, tiranos e impopulares - mas, em todos os assuntos, como na saúde, no ensino e na política externa, a palavra final é de Fidel Castro. Fortificando, assim, o Estado, o que vai ao encontro do objetivo do socialismo, que é a gradativa desintegração do mesmo. Portanto, o regime vigente em Cuba é corretamente denominado de "castrista", pois, além dos itens acima descritos, apresenta enorme influência pessoal de Fidel, descaracterizando o socialismo de Marx e criando uma organização social toda própria de Cuba. O "castrismo".
A Crise
Com o colapso da URSS no final de 1991 as dificuldades de Cuba foram agravadas. Já não podia mais vender seu açúcar para a URSS acima do preço de mercado e comprar petróleo abaixo. Além disso, os EUA fortificaram o vexaminoso embargo comercial contra a ilha em 1992 e 1996. Cuba tornou-se, assim, um país relativamente isolado do resto do mundo. Com pouco petróleo, os cubanos têm de encontrar meios de locomoção alternativos, como a bicicleta. Os índices sociais, em conseqüência dessa crise, decaíram. Sem poder comercializar com boa parte dos países do planeta, Cuba tem seus recursos financeiros fatalmente prejudicados. Essa condenável posição dos governantes mundiais estão impondo ao povo cubano uma degradação no índices sociais conquistados com a revolução.
Muitos antipatriotas, seduzidos pela propaganda capitalista, têm tentado se exilar nos EUA. Opositores denunciam violação dos Direitos Humanos contra os críticos de Fidel e condenam seu regime por sua censura. Porém, Fidel segue firme e mantém o seu "socialismo". Cuba e Fidel não são nem o paraíso, nem o inferno, porém, têm feito o mundo raciocinar e reconsiderar suas opiniões. Uma grande conquista.
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